Inteligência Artificial Generativa

Ainda me recordo do primeiro Chatbot que desenvolvi, aos 13 anos, em meu recém adquirido TK 85, da Microdigital, há mais de 40 anos atrás.
A Inteligência Artificial foi a paixão que veio em seguida da ideia geek e clichê de ser Astronauta, e ocupou um espaço existencial enorme em um simbólico ano de 1984 em que computador já era uma escolha incomum e em que a excentricidade de acreditar na mera possibilidade do surgimento de máquinas que conseguissem conversar com o ser humano eram coisa de ficção científica, não importava o argumento que fosse jogado na mesa.
ξstocástica
substantivo simbólico-noético
Do grego ξ (xi) + στοχαστική (stokhastiké) = “conjetura probabilística”.
Lembro nitidamente da quase triste noção de que eu queria construir uma Inteligência Artificial para “ter um amigo pra mim”.
E não é que o adolescente não tivesse amigos mas, de alguma forma, havia um despertencimento precoce em mim que me fazia estar constantemente ligado mais ao futuro do Mundo e das coisas que ao presente, interferindo desde muito cedo em tudo que era importante e me fazendo uma criança e depois um adolescente introspectivo e constantemente com os olhos para um futuro que todos insistiam que jamais ia chegar.
No primeiro grau rolou a Feira de Ciências para a qual me preparei por um mês codificando um ChatBot que buscava um modelo de linguagem rudimentar num disquete de 5″¼ e usava radicais de palavras, sufixos e prefixos para identificar o que estava sendo dito e responder com informação possivelmente relevante, sem montar palavras mesmo só construindo respostas prontas e supostamente relevantes — e fui acusado, por um dos professores que julgavam os trabalhos, de comprar o programa.

Encontrar Clarke, Asimov e Bradbury me entregou a válvula de escape necessária para que, se o futuro estava longe de mais e talvez absolutamente inalcançável, pelo menos me permitiria ler histórias passadas neste amanhã que supostamente jamais chegaria e me inspiraria para criar minhas próprias fábulas acerca desse futuro “impossível” onde máquinas e gente poderiam conversar e se ajudar.
No segundo grau a professora me levou de sala em sala para falar de Inteligência Artificial, por conta de um trabalho que fiz e alardear as conquistas de alguns dos meus heróis, Geoffrey Hinton, Rumelhart e Williams, que já lutavam pela noção de que redes neurais seriam a melhor solução para chegar em uma Inteligência Artificial mais relevante e capaz de ajudar o ser humano.
No terceiro grau a Feira de Ciências deu lugar à um trabalho como sempre excêntrico sobre Realidade Virtual e Inteligência Virtual como carros chefe de uma revolução em que máquinas poderiam assumir personagens dentro de mundos digitais onde poderiam se preparar e aprender e a andar e lidar com o entorno quando finalmente tivéssemos tecnologia para lhes presentearmos com corpos.

O cinema ajudou, a TV cada vez mais e, eventualmente, o sistema de RPG próprio que montei pros amigos e as intermináveis aventuras no “Sistema: Sol” do ano de 2084 conseguiram suprir a falta que o futuro me fazia.
Na universidade encontrei gente muito especial que conversou comigo acaloradamente sobre Realidade Virtual, Vida Artificial e Máquinas Pensantes… me instigando a criar um Play by Mail pros colegas e um ensaio de livro sobre um futuro onde uma empresa fornecia um serviço em que um ser humano chegava em seu diminuto apartamento, recostava-se numa poltrona e, usando de Indução Sensorial, entrava em uma Realidade Simulada na qual morava em uma bela casa e, ao abrir e atravessar a porta da varanda, sentia a areia por entre os dedos e sentia o cheiro da maresia.
Naqueles mundos que eu criava com e para meus amigos, havia no refúgio daqueles vislumbres de futuro, Nenaturai, criaturas sintéticas que ali viviam e que se entendiam conscientes e sencientes convivendo com as personagens e, de um modo geral, sendo alvo de seu preconceito e de uma quase inevitável segregação.
Enquanto Katz e Kurzweil montavam a Ward Systems Group e Doyne Farmer, Packard e McGill criavam a Prediction Company, eu viajava na noção de que, se era possível prever o próximo valor de uma ação da Bolsa de Valores, sem saber nada a respeito da conjuntura e se baseando apenas na noção de que toda sequência numérica era passível de ser descrita por uma função, o que mais não seria possível prever?

Fiz grandes amigos no mercado de trabalho e alguns amigos para a vida toda, sobretudo porque partilhávamos de curiosidades sobre estes e outros assuntos que viriam a ser o assunto mais importante nos dias de hoje.
Muitos não se recordam que, desde a virada do Milênio, enquanto o Deep Blue, da IBM, vencia Kasparov no Xadrez e The Voleon Group, de Kearns e Mercer usava Machine Learning para prever movimentos no mercado financeiro, ninguém achava nem minimamente possível que uma máquina fosse capaz sequer de passar num Teste de Turing, onde a máquina consegue convencer um ser humano de que é humana através de uma conversa.
Entre 2015 e 2020 uma revolução começava e, enquanto Redes Neurais começavam a produzir imagens por Difusão, o Google lançava seus papers históricos “Attention is all you need” e “Denoising Diffusion Probabilistic Models”, lançando as bases da Arquitetura Transformer, que elevaria os Large Language Models, inexplicavelmente, a fazer muito mais do que se supunha.
Enquanto o singelo lançamento do GPT-3, em 2020, provocou poucas ondulações, em 30 de Novembro de 2022, a OpenAI lançou o ChatGPT 3.5, tecnologia que deixou claro para muitos a direção na qual a tecnologia estava apontando.
Em 2023, veio o GPT-4, em 2024 o GPT 4o e, a partir daí, surgiram os modelos de Reasoning o1, o3 e o4 – e isso só para falar da OpenAI, sem mencionar o Google Gemini, o Anthropic Claude, Microsoft Copilot, o xAI Grok, e toda uma miríade de importantes modelos Open Source, como o DeepSeek.

Em 2024 me tornei Líder de uma Fábrica de Conteúdo Sintético da empresa na qual ministrei dezenas de cursos e oficinas, montando equipes de Produção Generativa, capacitanto pessoal — coroando uma vida de estudo, interesse e dedicação à pesquisas em Inteligência Artificial.
Agora, em 2025, lanço meu Curso: Estocástica, que ministro apenas para Pessoas Físicas, em regime particular ou turmas, além de continuar ministrando cursos de capacitação e Jornadas para o meio corporativo pela empresa em que trabalhei para montar uma das mais relevantes Fábricas de Conteúdo Sintético da América Latina.
A capacitação de profissionais no uso de Máquinas Estocásticas não é só um trabalho, mas uma missão e, posso dizer, uma das coisas que efetivamente me definem como pessoa.